Mordaça: Histórias de Música e Censura em Tempos Autoritários
Autores: João Pimentel e Zé McGill
Prefácio: Sergio Augusto
Editora Sonora
Lançamento: dia 14 de dezembro às 19h na Livraria da Travessa do Shopping Leblon
MAIS DO QUE UM LIVRO DE HISTÓRIA, MORDAÇA É UM LIVRO DE HISTÓRIAS.
Os jornalistas e escritores João Pimentel e Zé McGill, ao serem convidados para escrever sobre os 50 anos do Ato Institucional Número 5 (o AI-5), em 2018, decidiram que o melhor caminho seria colher relatos individuais de quem viveu essa “página infeliz da nossa história”, como bem cantou Chico Buarque, um dos personagens deste livro. Mas o tempo era exíguo, depois veio a pandemia e o que seria um recorte temporal sobre os anos de chumbo foi, naturalmente, ampliado. A Censura, moral ou política, sempre existiu no Brasil, em maior ou menor grau, dependendo do autoritarismo, ou não, reinante. Em cada entrevista, em cada relato o assunto também se estendia aos tempos atuais. Portanto, Mordaça também traz a discussão para esses tristes Anos Bolsonaro.
O livro reúne alguns dos casos mais emblemáticos sobre o incessante embate entre música e censura, arte e autoritarismo, no Brasil. Escrito a partir de depoimentos exclusivos de alguns dos nomes mais importantes da música brasileira, colhidos pelos autores entre 2018 e 2021, Mordaça é um registro amplo e contundente. Para criar maior envolvimento com as histórias, o leitor poderá desfrutá-las ao som da playlist elaborada com todas as músicas citadas, apontando a câmera do celular para o QR Code impresso nas primeiras páginas do livro.
Recheado de personagens marcantes e casos surpreendentes, dramáticos, trágicos ou até engraçados, mas sempre narrados com uma linguagem leve, o livro demonstra como artistas foram perseguidos e silenciados e como fizeram para burlar os absurdos impostos pela censura.
Nas páginas de Mordaça, histórias de personagens de gerações e gêneros musicais tão distintos quanto Chico Buarque (que explica, por exemplo, como o samba “Apesar de Você”, aprovado por engano, foi o estopim de seus problemas com a Censura nos Anos de Chumbo) e Philippe Seabra (da banda Plebe Rude, que, já no período de abertura política, teve a audácia de escrever uma música intitulada “Censura”); Paulo César Pinheiro (que misturava suas letras às de outros autores da gravadora para conseguir as liberações) e Leo Jaime (que fala sobre sua hilária relação com a censora Solange Hernandes, a Dona Solange); Beth Carvalho (em uma de suas últimas entrevistas) e Jorge Mautner (que conta que, quando esteve preso, os militares tentaram lhe dar LSD como parte de um “experimento”); Geraldo Azevedo (que dá a sua visão sobre o que aconteceu com outro Geraldo, o Vandré, além de relatar as diversas torturas que sofreu enquanto esteve preso pelos militares) e o ex-funcionário da RCA, Genilson Barbosa (que diz como fazia para subornar censores); Gilberto Gil (que compara os censores a guardas de fronteira) e BNegão (que, fazendo uma ponte com o presente, denuncia um caso de censura ao seu show no Mato Grosso do Sul, em 2019).
Muitas vozes saem das páginas deste valioso registro histórico-musical. Vozes que servem como alerta para todas as gerações e que devem ser escutadas em tempos de censura velada ou no caso de a censura oficial voltar a assombrar o Brasil.
Personagens Marcantes
Chico Buarque, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Ivan Lins, Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Caetano Veloso, João Bosco, Nelson Motta, Carlos Lyra, Marcos Valle, Jards Macalé, Edu Lobo, Ricardo Vilas, Geraldo Azevedo, Joyce Moreno, Solano Ribeiro, Paulo César Pinheiro, Eduardo Gudin, Martinho da Vila, Leo Jaime, Bnegão, Alceu Valença, Clemente Nascimento, Rildo Hora, Genilson Barbosa, Jorge Mautner, Odair José, Evandro Mesquita, Philippe Seabra, João Carlos Muller.
Depoimentos Exclusivos
“Acho que toda aquela marcação com o meu nome começou mesmo quando aprovaram a letra de ʻApesar de Você” – Chico Buarque
“As pessoas mais inteligentes não entram na atividade da censura porque é uma atividade bastante ridícula” – Caetano Veloso
“Ele não resistiu e morreu por lá mesmo, do nosso lado. Estávamos encapuzados, não víamos nada, mas ouvimos a conversa dos torturadores” – Geraldo Azevedo
“Lembro que, no dia do golpe, os vizinhos acenderam velas em apoio aos militares. Engraçado como o Brasil não muda mesmo” – Joyce Moreno
Aspas dos autores
“A história nos mostra que o maior inimigo de um governo autoritário é o pensamento. Por isso os artistas, os verdadeiros artistas, são tão perseguidos, conforme vimos neste livro. Acreditamos, no entanto, como nos disse Gilberto Gil, que a seta do tempo aponta para frente, apesar dos ‘guardas de fronteira’”, diz Zé McGill.
“Uma das fotos selecionadas para o livro era de uma manifestação, em 1968, contra a Censura. No fundo, alguém empunhava um cartaz cujo desenho era o de um jovem com uma mordaça. Na hora, identificamos o desenho como sendo do Ziraldo, por seu traço inconfundível. O Antonio Pinto, filho do mestre, confirmou a autoria e juntamente com as irmãs, Daniela Thomas e Fabrizia Alves Pinto, cedeu a imagem para a capa”, lembra Pimentel.
Ana Paula Romeiro
Assessoria de Imprensa