A jornalista Chris Fuscaldo lanca Discobiografia Mutante
Livro que celebra os álbuns dos Mutantes é lançado em São Paulo (Baratos Afins) e no Rio (Sebo Baratos)
Em ‘Discobiografia Mutante’ , Chris Fuscaldo reúne histórias dos álbuns da banda fundada por Rita Lee, Sérgio Dias e Arnaldo Baptista
Objeto da campanha de financiamento coletivo lançada através do Catarse e escrito pela jornalista, pesquisadora, escritora e cantora Chris Fuscaldo, o Discobiografia Mutante: Álbuns que revolucionaram a música brasileira é um livro bilíngue que celebra, em 2018, o legado discográfico deixado pelos Mutantes. Afinal, este é o ano em que o primeiro álbum da banda que revolucionou a história da música nacional completa 50 anos. Os eventos de lançamento acontecerão em São Paulo – no dia 25 de agosto, na Baratos Afins – e no Rio de Janeiro, em 31 do mesmo mês, no Sebo Baratos. No Rio, vai rolar simultaneamente o Clube do Vinil Mutantes comandado pelo DJ Mauricio Gouveia! Além do livro, ela ainda vai autografar seu primeiro álbum autoral, Mundo Ficção, lançado em 2017 nas plataformas digitais e finalmente prensado em CD.
O livro conta a história dos discos produzidos por Arnaldo Baptista, Sérgio Dias e Rita Lee e tantos outros nomes que estiveram junto ao trio, dando ênfase a histórias curiosíssimas e pouco divulgadas. Entre elas, estão algumas muito divertidas e pitorescas como a da foto da capa do primeiro álbum da banda, “Os Mutantes”, em que Rita Lee posou envolta em uma toalha de mesa comprada por sua mãe em um bazar beneficente de uma igreja. Há também uma passagem sobre a participação de Jorge Ben (Jor) neste algum: “Ele não só foi quem compôs ‘A Minha Menina’ como também foi o violonista na gravação e ainda cantou e imitou Chacrinha durante a gravação. É de Jorge a voz que antecede o solo de Sérgio Dias falando ‘Tosse! Todo mundo tossindo!’”, conta Chris no livro.
Outra passagem curiosa dá conta do dia em que a atriz Leila Diniz deixou um vestido de noite que havia usado na novela “O Sheik de Agadir” para Rita usar em uma apresentação no Festival Internacional da Canção, transmitido pela Rede Globo. Para produzir a foto da capa do disco “A Divina Comédia ou ando meio desligado”, a ideia era reproduzir a gravura de Gustavo Doré, que ilustrava a primeira edição do livro quase homônimo de Dante Alighieri. Rita, Arnaldo, Sérgio e o irmão Cláudio César, que fez a foto, cavaram um buraco de quase um metro. Segundo Sérgio, “já tinha até água no fundo, uma nojeira”. Cláudio improvisou uma lápide de isopor para a sepultura da onde saía Arnaldo com o peito nu. No fundo do buraco, foi acesa uma fogueira e um spot de luz dava conta da fumaça. No fim da sessão de fotos, o irmão de Sérgio e Cláudio saiu todo chamuscado do buraco. Rita e Sérgio vestiram mantos feitos de colchas de chenille da casa dos Dias Baptista e usaram folhas de louro na cabeça.
Para preparar esse livro, Chris Fuscaldo começou em 2002 a entrevistar pessoas que fizeram parte dessa história, ler outros livros sobre os Mutantes ou que os citam e capturar curiosidades em matérias de jornais e revistas.
Sobre a autora
Pesquisando, entrevistando e escrevendo sobre música desde 1999, Chris Fuscaldo trabalhou nos jornais Extra e O Globo, no Rio de Janeiro, e em seus respectivos sites. Formada em Jornalismo e em Letras – com mestrado em Literatura, Cultura e Contemporaneidade – desde 2003, colabora para diversas revistas do país, entre elas MTV, Rolling Stone e UBC (União Brasileira dos Compositores). Hoje, além de editar o blog GarotaFM em seu site, produz releases para gravadoras, festivais e músicos independentes e escreve sobre artistas e movimentos musicais para diversos projetos jornalísticos e literários. Em 2015, foi responsável pela pesquisa do livro Rock in Rio 30 Anos. Em 2016, lançou pela editora LeYa o Discobiografia Legionária, livro em que conta as histórias das gravações dos discos da banda Legião Urbana. Em 2017, estreou como cantora e compositora no álbum Mundo Ficção. Em 2018, assinou o conteúdo do livro La Mole: O importante é Acreditar, sobre a rede de restaurantes do Rio de Janeiro, e realiza o sonho de escrever a históris dos álbuns de sua banda preferida. Para 2019, ela se prepara para finalizar seu doutorado em Letras e a biografia do cantor e compositor paraibano Zé Ramalho.
Sobre Mutantes
O ano de 1968 foi diferente para Rita Lee, Arnaldo Dias Baptista e Sérgio Dias Baptista, que gravaram seu primeiro disco como Os Mutantes (depois viraram só Mutantes) para nunca mais serem esquecidos. A banda causou polêmica, inovou a música popular brasileira ao introduzir seus instrumentos elétricos nos festivais da canção, eventos musicais com apelo similar ao de uma final de campeonato de futebol. Enquanto Gilberto Gil e Caetano Veloso tentavam driblar a censura e o risco de serem presos a qualquer momento – e acabaram sendo – os meninos ainda curtiam uma juventude que, pode-se dizer, fazia sua transição de transviada para contracultural.
As capas dos discos dos Mutantes podem render especulações, debates e, como Rita mesmo brinca, “até tese de doutorado”. Porém, o resultado das pesquisas mostra que, muitas vezes, o trio abusava tanto de brincadeiras e de deboches que as capas eram simples resumos do que eles eram de verdade. A ironia é evidente na maioria delas. Em A Divina Comédia ou Ando meio Desligado, por exemplo, Rita, Arnaldo e Sérgio quiseram enfrentar os mais conservadores através de uma foto dos três na mesma cama.
Com essa irreverência, como publicou o jornal The New York Times, a banda conquistou até artistas estrangeiros, de Nelly Furtado e David Byrne a Devendra Banhart e Kurt Cobain. O líder do Nirvana chegou a escrever uma carta para Arnaldo Baptista e declarou em uma entrevista: “Sei que eles foram muito revolucionários, que criaram seus próprios efeitos. E provocaram muita polêmica, tinham coragem para fazer o que faziam durante o regime militar”. Filho de John Lennon e músico, Sean Lennon, que convidou Arnaldo a tocar com ele em uma das edições do festival Rock in Rio, vive exaltando a produção dos Mutantes: “Eu não sabia que existia uma banda como Os Mutantes no mundo. Foi uma das melhores gravações que ouvi na vida. Parecia que eles notaram a psicodelia britânica, mas tinham uma sonoridade completamente particular. Mas, ainda assim, psicodélica. Os arranjos de metal são mais particulares nos Mutantes do que numa gravação dos Beatles ou dos Stones. São orquestrados”.
“Os Mutantes são demais”, publicou um jornal como título de uma matéria, na época. E os fãs já previam que a banda nunca deixaria de ser atual. O tempo passa, outros movimentos musicais vão e voltam, e os Mutantes nunca deixam de ser os Mutantes.
Serviço:
São Paulo: Sábado 25/08, 15h às 18h, na Baratos Afins (Av. São João, 439 / 2º andar / loja 318, Centro).
Rio de Janeiro: Sexta-feira, 31/08, 19h às 22h, no Sebo Baratos (Rua Paulino Fernandes, 15, Botafogo).
Mais informações: http://chrisfuscaldo.com.br/discobiografia-mutante/
Contatos:
Chris Fuscaldo
(21) 99927-8375