Memória digital e atividades culturais on-line pautam abertura do VIII Fórum da Internet

Memória digital e atividades culturais on-line pautam abertura do VIII Fórum da Internet

Programação do evento, que acontece no Centro de Eventos da UFG, em Goiânia, segue até quarta-feira (7). Debates são transmitidos na íntegra pelo canal do NIC.br no YouTube

Principal espaço de debates no País sobre temas relacionados à governança da Internet, o Fórum da Internet no Brasil dedicou as discussões desta segunda-feira (5), data da sessão de abertura do evento, para refletir sobre o consumo de bens culturais dos brasileiros pela Internet, a partir do lançamento de dados inéditos da pesquisa TIC Domicílios, assim como o potencial da Internet e das tecnologias da informação e comunicação para a criação de acervos digitais. Realizado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), o evento segue até quarta-feira (7) no Centro de Eventos do campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás (UFG) com a participação de representantes do Governo, empresas, comunidade científica e tecnológica, terceiro setor e usuários de Internet. As inscrições para o Fórum são gratuitas e continuam disponíveis a todos os interessados no local do evento.Conselheiros do CGI.br e representantes da UFG declararam a 8ª edição do evento oficialmente aberta. José Luiz Ribeiro Filho (CGI.br) destacou que o Fórum acontece desde 2011 com o propósito de debater temas contemporâneos da governança da Internet, já Luiz Fernando Martins Castro (CGI.br) lembrou da importância do Fórum no calendário anual do CGI.br também por ser preparatório para a participação brasileira no IGF, que este ano será realizado em Paris. Também durante a abertura, Leandro Luís Oliveira (Secretário TI – UFG) enfatizou a relevância da programação do VIII Fórum com 27 workshops além das sessões plenárias, e coube a Flávia Cruvinel (Pró-Reitora Adjunta de Extensão e Cultura da UFG) destacar o lançamento dos dados inéditos da TIC Domicílios, enfatizando que os indicadores contribuem para o planejamento de ações voltadas para o consumo de bens culturais on-line.

Os indicadores inéditos, por sua vez, foram apresentados por Alexandre Barbosa (Cetic.br). São dados da TIC Domicílios sobre as práticas audiovisuais (como assistir a vídeos, programas, filmes ou séries e ouvir músicas), criação e disseminação de conteúdos próprios na Internet, e também o impacto dos dispositivos e de formas de conexão nas atividades culturais. Barbosa promoveu uma reflexão sobre as disparidades do acesso às TIC: “Antes de produzir e consumir cultura, tenho que estar incluído digitalmente. Existem várias camadas de desigualdades que precisam ser analisadas. Mas afinal, como superá-las?”

A presença do País nas redes digitais vem crescendo sem alterar as desigualdades persistentes no Brasil, como apenas 30% dos indivíduos de classe DE com acesso à Internet nos domicílios. A afirmação é de Sérgio Amadeu (CGI.br / UFABC), que lembrou o alto custo da banda larga fixa e móvel. “Talvez o ciberespaço seja um universo em disputa, nós precisamos disputá-lo”, considerou.

Questões de infraestrutura da rede, como o crescente uso da Internet exclusivamente pelo telefone celular, especialmente entre indivíduos da classe DE, foram abordados por Flávia Lefévre (CGI.br). “Com essa nova fase da pesquisa, observamos como o tipo de acesso à Internet influencia na utilização de consumo de bens culturais e serviços, como reforça a discriminação, a diferença e falta de democratização das políticas públicas em nosso país. Precisamos que a infraestrutura seja mais distribuída”, afirmou.

“A infraestrutura da Internet nasceu às margens da lei, construída por um conjunto de cientistas, porém foi invadida pelo mundo dos negócios, com a ausência do Estado e de políticas públicas”, afirmou Marcos Dantas (CGI.br e UFRJ), que refletiu ainda sobre os impactos políticos e culturais da Internet na concepção de democracia, espaço público e convivência civilizada.

Ainda durante o debate de abertura, Luiz Fernando Martins Castro (CGI.br) pontuou a complexidade na revisão na Lei Geral de Telecomunicações. Dados da TIC Domicílios sobre o uso de Governo Eletrônico também foram comentados pelo conselheiro. “Temos o desafio de incrementar a qualidade dos serviços estatais oferecidos on-line. É uma pauta do país”.

Memória Digital
A primeira sessão plenária do VIII Fórum da Internet no Brasil, realizada na tarde desta segunda-feira (5), reuniu especialistas dos diversos setores em debate sobre a “Memória Digital – Políticas para a digitalização de acervos, interoperabilidade e modelos de governança”. Responsável por moderar a discussão, Dalton Martins (Universidade de Brasília) refletiu sobre os principais desafios na área de acervos no Brasil, entre eles a ausência de uma política nacional de acervos digitais, a necessidade de um modelo de baixo custo para digitalização de objetos culturais, de uma infraestrutura descentralizada para hospedagem dos objetos e metadados, além de um protocolo comum para compartilhamento em rede. Na opinião do especialista, também é fundamental avançar com experiências de inclusão dos usuários na produção de processos colaborativos e participativos nas unidades de informação.

Nesse sentido José Murilo Junior (Ibram – Museus) apresentou o projeto Tainacan, em implantação em quatro museus brasileiros. A iniciativa busca promover por meio da Internet o acesso do cidadão aos bens culturais preservados nos museus em todo o território nacional. José Murilo enfatizou a importância da aproximação dos diferentes campos (museus, bibliotecas, arquivos e centros culturais) em nome de uma interoperabilidade dos bens culturais, citando experiências internacionais como o Europeana, composto por 175 instituições de memória e que possui 54 milhões de objetos digitalizados.

A perspectiva da infraestrutura foi comentada na plenária por José Luiz Ribeiro Filho (CGI.br), que pontuou duas grandes frentes de problemas a serem enfrentados: a preservação e integração dos acervos e conteúdos digitais. O novo backbone da RNP, que disponibilizará canais de 100Gb/s para a comunidade, é uma das forças elencadas por José Luiz. “Vamos ter capacidade suficiente para suportar tráfegos pesados nessa infraestrutura”, enfatizou. De forma complementar, Bianca Amaro (IBICT) lembrou que a cultura e a ciência convivem no mesmo ambiente para disseminação e preservação. “Todo o conceito de ciência aberta está baseado na democratização da informação. Hoje não se consegue mais desenvolver pesquisa sem compartilhamento de informações. O Governo deve organizar aquilo que se produz e colocar à disposição da população”, reforçou.

Também durante a plenária, Gabriel Bevilacqua (Instituto Moreira Salles) chamou atenção para a importância das tecnologias da informação e comunicação (TIC) para a documentação do acervo. “Dada a tragédia no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, não há antítese entre preservação e difusão de acervo. Elas estão sempre articuladas”. Juliana Monteiro (Wiki Educação Brasil) abordou a falta de segurança jurídica para a divulgação das coleções. “Não sabe o que está em domínio público, o que pode ser liberado ou não. Os entraves jurídicos são um grande desafio para qualquer instituição de memória no Brasil”, destacou. A especialista defendeu uma mudança de paradigma. “É necessário reaprender a construir conhecimento e produzir conteúdo visando o acesso amplo, livre e irrestrito, algo que deveria ser a base concreta de todas as instituições culturais do país”, concluiu.

Programação
O VIII Fórum da Internet no Brasil teve início no domingo (4) com atividades auto-organizadas por entidades dos setores governamental, empresarial, terceiro setor e comunidade científica e tecnológica. A programação segue até quarta-feira (7) com workshops sobre temas como proteção de dados pessoais, combate à desinformação on-line, contranarrativas para enfrentamento ao discurso de ódio na Internet, criptografia, regulação e direitos humanos, políticas de inclusão digital, entre outros, além das sessões plenárias “Internet, Democracia e Eleições” e “Plataformas e mercado de dados”. Acesse a programação completa: http://forumdainternet.cgi.br/programacao.

Aqueles que não puderem acompanhar o Fórum presencialmente poderão assistir a transmissão ao vivo de toda a programação por meio do canal do NIC.br no YouTube (http://www.youtube.com/NICbrvideos). Em breve, os vídeos com cada apresentação serão disponibilizados no mesmo canal.

Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios de multilateralidade, transparência e democracia, o CGI.br representa um modelo de governança multissetorial da Internet com efetiva participação de todos os setores da sociedade nas suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (http://www.cgi.br/principios). Mais informações em http://www.cgi.br/.

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